O romance “Dezessete Anos” de Paola Rhoden foi publicado em 2008 pela Scortecci Editora. “Dedico este livro a todas as pessoas que mesmo sem conseguir uma vitória completa, não deixam de lutar pelo que querem.”
A narrativa, em primeira pessoa, descreve acontecimentos marcantes na vida de Vanessa que decorrem a partir do dia de seu décimo sétimo aniversário. “Nada põe em risco a beleza do desabrochar da borboleta, que ao sair do casulo, encontra o caminho para controlar sua vida, e ter um futuro melhor. Mas, ah! Ser adulto não é fácil!”
Natural de uma pequena cidade da Bahia, a personagem principal é de família humilde e numerosa, dividindo o mesmo teto. “Carmem ensinava às crianças que para sobreviver em um mundo que despreza os valores verdadeiros, é necessário que homens e mulheres, os quais são as peças de formação deste planeta, olhem se o rastro que deixam marca, ou se perde nas ondas do vento. Precisam notar mais se a areia da maldade se transforma em pedras, que lançadas destroem lares e machucam almas, porque tudo o que se faz é revertido em maiores proporções...”
O enredo é bem elaborado e a história descrita com riqueza de detalhes – tanto no que diz respeito aos acontecimentos, quanto ao impacto destes no universo emocional de Vanessa. “A maioria das pessoas vive como se nunca fossem morrer, e esquecem que a verdadeira felicidade está no amor. Os prazeres vão e os que ficam em nossas vidas, são aqueles que verdadeiramente nos amam.”
O processo de amadurecimento da adolescente transcorre à medida que aumentam os seus círculos de amizades e de conhecidos. Estes acrescem elementos que vão forjar a sua compreensão de mundo – inclusive no plano do metafísico.
“– Então foi real? Estive mesmo dentro de minha estrela?
– A realidade tem a ver com o que acreditamos, Se acreditarmos que o mar se solidifica nossa fé o fará solidificar-se... Nosso mundo é o resultado do nosso querer e das criações de nossos pensamentos. Nada acontece em nossas vidas que não tenhamos criados no fundo de nossa mente.”
O amor tem espaço na trama.
“Ela tomou minha mão e a beijou, depois prosseguiu.
– Gostar é se sentir bem com alguém, ficar feliz quando essa pessoa nos agrada e nos dá algum presente, é prazeroso estar com a pessoa até que algo aconteça e nos afasta, sem deixar muitas cicatrizes. Agora, amar Vanessa, esse é o sublime da vida. É você nem precisar estar com a pessoa para sentir a sua presença, é olhar para o horizonte e ver a imagem dela lá no fundo, seu coração bater só de ouvir a sua fala. Se você ama, você não tem ciúmes porque tudo que a pessoa amada fizer está certo, e se ela por ventura lhe deixar, você lhe desculpa e diz que a culpa é sua de não saber lhe fazer feliz. Amar é abnegar, é viver pelo outro sem cobranças e com respeito. Porque quem ama de verdade não é possessivo e nem trai.
E vovó parou com o olhar perdido na parede com pintura gasta da peça multiuso e finalizou:
– Amar Vanessa, é viver pelo outro.”
Trama esta que também é pontuada pela violência, pela crueldade...
“Cada vez mais descubro que as pessoas podem ser cruéis quando dizem amar. Mas o verdadeiro amor não é feito de renúncias e dedicação?”
...pela dor, pela morte...
“ – Não se esqueça de uma coisa, minha filha.
– Sim, vovô?
– Na vida, muitas das coisas que acontecem fazem a gente querer desistir. A desistência às vezes é inevitável. Como agora, por exemplo, estou desistindo de viver. Não porque eu queira. Mas porque é preciso. Minha hora está chegando.”
...mas também pela felicidade e pela elevação. O romance termina exatamente um ano depois de iniciado – no dia em que Vanessa completa dezoito anos. Paola Rhoden descreve ao longo de 270 páginas as minúcias desse ano rico em acontecimentos e aprendizados na vida da adolescente.
“ – Quando as pessoas estão acostumadas com alguma coisa porque vêem todos os dias, deixam de ver o óbvio. É assim também com a vida, se somos felizes sempre, não damos valor a essa felicidade. Só vamos valorizar quando perdemos. Por isso, minha querida! Volte seu olhar para esse mar de águas brilhantes, feche seus olhos e aprecie apenas com os olhos da alma...”